SANDRA FONSECA
Sandra Fonseca, 1961, Montes Claros, Minas Gerais. Poeta, Psicóloga, bacharel em Psicologia pela Universidade FUMEC, Belo Horizonte, Minas Gerais. Académica de Letras
Bacharelado, pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais - Turma 2009. Escritora com várias participações em antologias poéticas no Brasil e Portugal.
Participou da Antologia de poetas premiados no concurso de poesia da Universidade Federal de São João Del Rei - Edição 2008, e na primeira edição do Concurso Literário do Diretório Académico da Faculdade de Letras Universidade Federal de Minas Gerais, 2013. Participou de duas edições da Antologia Digital "Saciedade dos poetas vivos" do site Blocos Online - Volumes 7 e 9, e da Antologia de Ouro Museu Nacional da Poesia, volume III, 2014. Publica seus poemas na internet, no blog "A Solidão das Mulheres Poetas" -www.asolidaodasmulherespoetas.blogspot.com.br.
FONSECA, Sandra. Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal. Poemas. Belo Horizonte, MG: Arquimedes Edições, 2014. 88 p. (Coleção Museu Nacional da Poesia, 8) ISBN 978-85-89667-4 Direção de arte, capa e fotos: Regina Mello.
Ex. bibl. Antonio Miranda, exemplar enviado por Regina Mello.
Lepidóptera
Desperto
Como a larva
Em suas inverossímeis asas
Borboleta de mil sonhos
Enclausurados
Acendo os olhos da noite
No brilho dos pirilampos
E apanho estrelas
Entre as mãos em conchas
Naveguei as noites insones
Adormeci os medos gigantes
E as dores da alma
Sei quão escuro
É o poço sem fundo
Da solidão
E como corta o punhal
Do silêncio duro
Então A cada dia
Eu espero azular a madrugada
Abro essas infinitas asas
E sem rumo
Eu voo
Ária para meu verso
Não sei de onde vem o verso
Se da ponta da língua, no amargor
Das construções do eu interior
Cor local, meu som, meu universo
É seta cruzando o céu, no vão da boca
Linguagem gestual riscando a palma
O canto sem cantor que lava a alma
Tantas vezes sem pudor, palavra louca
Pulsar de um coração cheio de espanto
Que trago em minha mão como um cristal
O verso me marcou na sina, seu sinal
Na pele me cobriu de luz, seu manto
No cerne da palavra, fonte e vertente
Por onde me levou flor boiando em rio
Semente a germinar, terra no cio
Imagem em esplendor dentro da mente
No ardor da escrita acendo a chama
Espada da poesia, a mão erguida
Me fere com prazer dor desconhecida
Arranha a minha mão e ainda reclama
Não nasce explícita, palavra crua
E não revela a sua face no espelho
É segredo, sussurro, falso conselho
Que ao se revelar me torna nua
Palavra sem pudor palavra bruta
Palavra sem pudor, palavra bruta
A pura flor que nasce da ternura
Feridas do amor na carnadura
Na alma, o estertor da sua luta
Da vida e o seu furor maior mistério
Eu sinto o marulhar do som, o peso
Farol em alto mar, imenso, aceso
E a boca de sentir do sal, minério
E sempre hei de sentir no ar o fel
Se a dança das estrelas risca o céu
Adoço o sal do mar na minha boca
E a língua da saudade mais se apura
Assanha um mal de amor que não tem cura
Senão em seu calor palavra louca
Sonho
Num quadro de sépia
E aguada
A lua em vias
De parir um astro
Desenha um rastro
De estrelas
Pasma
Eu me divido
Entre duas fases
De ser sozinha
Ou de sonhar-te
Ansiada madrugada
Escarlate no negrume
Da noite
Meu sono
É sonho
Densidades
Sou eu a lua
Prenhe de loucuras
Sou eu
A nua e fantasmagórica
Entidade
Desvanecendo em dia
E realidade
*
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Página publicada em fevereiro de 2021
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